Para responder aos desafios da educação inclusiva
A CAPACITAÇÃO de 253 professores em leitura e escrita braile e língua de sinais; a construção de rampas de acesso em 63 escolas primárias e a reabilitação de sanitários, para torná-los inclusivos, são algumas das principais realizações do Conselho Municipal de Maputo (CMM) com vista a tornar o ensino primário cada vez mais inclusivo, sobretudo, para alunos com necessidades educativas especiais.
As realizações da edilidade foram apresentadas, semana finda, no IV Seminário Pedagógico Municipal, que decorreu sob o lema “O desafio da inclusão no Ensino Primário no Município de Maputo”. Face aos inúmeros desafios do Município neste campo, o Seminário foi marcado pela apresentação de soluções tecnológicas capazes de ajudar alunos com necessidades educativas especiais, a exemplo de óculos (especiais) destinados a este grupo.
Falando na ocasião, o Presidente do Conselho Municipal de Maputo, Eneas Comiche, afirmou que a reflexão sobre a educação, no geral, e a especial, em particular, no Município deve orientar-se na busca pela qualidade e na criação de um ambiente livre de todo e qualquer tipo de discriminação.
Nesse contexto, o Edil considera que, em primeiro lugar, é necessário que o conceito de inclusão e as várias manifestações de ausência do espírito inclusivo sejam entendidos, a todos os níveis, sobretudo, no seio familiar e nos diversos níveis de tomada de decisão. “Em segundo lugar, é necessário criar as condições e pôr à disposição os meios que permitam às crianças com necessidades educativas especiais participar nas actividades escolares e fora da escola, assim como é fundamental promover a educação das crianças ditas “normais” para melhor saberem aceitar o outro que seja portador de deficiência”, frisou Eneas Comiche.
O Presidente do Conselho Municipal disse, ainda, que não basta falar, repetir que a inclusão começa no seio familiar, se estas mesmas famílias não recebem informação e formação e não se dialoga com elas sobre estes assuntos, na perspectiva de mudança de comportamentos indesejáveis e cristalizados nas práticas culturais e na visão do mundo dos indivíduos e das comunidades.
Comiche encerrou a sua intervenção manifestando preocupação da edilidade com as limitações e dificuldades que se impõem aos indivíduos com diferentes tipos e graus de deficiência, e com as capacidades limitadas das escolas e, por conseguinte, dos professores e técnicos para fazerem face a este problema.
Persistem desafios na inclusão
Os painelistas do IV Seminário Pedagógico Municipal defendem que, apesar dos esforços do Conselho Municipal, para melhorar a questão da inclusão nas escolas do ensino primário, persistem desafios.
Fárida Gulamo, Secretária Executiva da Associação dos Deficientes Moçambicanos (ADEMO), aponta como um dos principais desafios a necessidade de incremento do orçamento destinado às questões de inclusão. Gulamo acrescenta que é necessário mobilizar as famílias que tenham crianças com deficiência para levar os seus filhos à escola.
Abdul Remane Ibrahimo, jornalista da TV Surdo, felicitou a edilidade pela realização do seminário e apontou para a questão das escolas especiais como sendo um dos vários pontos a ter em atenção.
Para além de ter sido testemunhado por um vasto leque de individualidades ligadas ao sector da educação, quer da edilidade, quer oriundas de outras instituições, e de ter sido marcado por apresentações e debates, o IV Seminário Pedagógico Municipal contou também com momentos culturais de realce, com a actuação de um grupo de uma das … escolas especiais do município. Ao som da guitarra, os petizes interpretaram ritmos nacionais e declamaram poesias de incentivo e de esperança, facto que motivou inúmeros aplausos por parte dos presentes na sala que acolheu o Seminário Municipal.
O IV Seminário Pedagógico teve como objectivo garantir maior equidade no acesso ao ensino de qualidade, melhorando o enquadramento da pessoa com deficiência.
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