Caracterização Geográfica e História da Cidade de Maputo

Maputo, a bela cidade capital moçambicana, também chamada Xilunguine ou Khapfumo é, entre todas as cidades de Moçambique, uma das de formação mais recente. A informação disponível regista ter sido o navegador e comerciante português Lourenço Marques, entre 1544 e 1545, o primeiro europeu a fazer o reconhecimento da baía, que designou do Espírito Santo. Foi o início das viagens anuais que os portugueses passaram a fazer a partir da Índia e, mais tarde, da Ilha de Moçambique, para o comércio do marfim que trocavam por tecidos e missangas. Foi em homenagem ao conhecimento que à baía foi dada o nome de Lourenço Marques pelo rei de Portugal, D. João II. Situada na margem norte da baía, foi esta circunstância da natureza que permitiu que aqui se construísse um dos melhores portos naturais de toda a costa a sul e oriental de África.

A cidade de Maputo está situada na extremidade sul do país, no litoral interior com o mesmo nome. A baía está situada na latitude de 25´58´Sul e 32´35´ de longitude Este, sendo mais a Sul dos fundos do saco que caracterizam a costa de Moçambique. É limitado a Oeste pelo Vale do Infulene, a Este, pelo Oceano Índico, a Sul pelo Distrito de Matutuine e a Norte pelo Distrito de Marracuene. A baía, que já se chamou baía da lagoa e do Espírito Santo onde desaguam os rios Matola, Umbelúzi, Tembe e Maputo, tem uma entrada profunda que permite o acesso, por canal, a navios de grande calado.

Maputo está localizada na parte mais a sul de uma das duas zonas meteorológicas em que se divide Moçambique, a zona sul, caracterizada pela conjunção do regime meteorológico ciclónico das latitudes médias com regime tropical de chuvas de verão e a influência das monções do Oceano Indico.

O Clima de Maputo é basicamente influenciado pelo sistema de anticiclones tropicais do Oceano Índico, com ventos predominantes de Este, Sul e Oeste, o que torna num clima com certas características tropicais, mais propriamente um clima subtropical. Durante a maior parte do ano, de Setembro a Maio, a temperatura média é geralmente superior a 20´, situando-se nos restantes meses entre os 10´e os 20´. A estação seca, mais fresca, corre de Junho a Agosto, enquanto os meses os meses de Setembro a Maio predomina a estação quente e chuvosa.  A precipitação pode atingir os 1.000 mm nos meses chuvosos.

Devido a sua importância política e económica e também a dimensão da sua população a cidade de Maputo tem estatuto de província, cuja jurisdição corresponde à área do Município. A área do Município é de 346,7 quilómetros quadrados, comportando 64 bairros divididos por 7 distritos urbanos: KaMpfumu (Mafumo), KaMaxakeni (Maxaquene), Nhlamankulu (Chamanculo), KaMavota (Mavota), KaMubukwana (Mubukwana), KaTembe (Catembe) e KaNyaka (Inhaca). Em 2019, a população da cidade estava calculada em cerca de 1.170 mil habitantes.

Elevada à categoria de cidade a 10 de Novembro de 1887, Maputo, que até 1975 se chamou Lourenço Marques é, apesar de jovem, uma cidade com uma história rica e diversificada, de relações complexas entre os colonizadores, que a fizeram edificar, e os moçambicanos que, consciente ou inconscientemente, foram o verdadeiro motor dessa história.

Os grupos humanos presentes na região de Maputo resultaram de um gradual processo de ocupação que se terá iniciado no primeiro milénio da nossa Era, tendo se organizado em várias unidades politicas e desenvolvimento em língua comum, o Xirhonga. Esta ocupação foi acompanhada de um processo inter – cruzamentos e de assimilação de grupos diversos vindos do interior para a costa. Neste processo, alguns desses grupos constituíram-se em linhas importantes, reconhecidas ainda hoje nas principais famílias da cidade e da região.

De registos muito antigos sobre a ocupação humana na região onde está localizada a cidade, corroborados pelos dados de tradição oral recolhidos ao longo de anos por distintos investigadores, podem-se identificar as mais importantes unidades políticas que estavam estabelecidas em redor da baía. No século XVI, na zona actual cidade, a norte da baía, reinava o Mpfumo (Mafumo) enquanto o a sul dominavam Tembe, na actual Catembe, e Nhaca, na Ilha de Inhaca. Mais a norte de Mpfumo reinavam Libombo, Matsolo (Matola), Magaia, Xerinda e Manhiça (Domanhiça). Desde pelo menos o século XVI, toda zona que constitui a cidade era tributária ao Reino de Maputo (Maputyu), onde no início do seculo XIX, reinava o Rei Makhasane.

No século XIX, a área correspondente ao actual Município de Maputo, continuava a chamar-se Mpfumo, o nome da principal chefatura da margem norte da baía e da linhagem que nela reinava desde o século XVI. Com a ocupação da área actual cidade, a chefatura Mpfumo, já só limitada á área da Zixaxa, desapareceu praticamente em 1895, após a prisão e deportação, juntamente com Ngungunhane, do seu último grande chefe, Nuamatidjane. 

A cidade passou a designar-se Maputo depois da Independência Nacional, uma decisão anunciada pelo então Presidente Samora Machel em 1976 e formalizada em 13 de Março do mesmo ano. O nome provem do Rio Maputo, que marca parte da fronteira sul do país.

A cidade constitui administrativamente um município com um governo eleito e tem desde 1980 o estatuto de província, não devendo, no entanto ser confundida com a província de Maputo que ocupa a parte mais meridional do território moçambicano, exceptuando a cidade de Maputo.

A Autarquia de Maputo é dirigida desde Novembro de 1998 por um Conselho Municipal, órgão executivo colegial, constituído por um Presidente para um mandato de cinco anos e por vereadores por ele designados. O Conselho Municipal é fiscalizado pela Assembleia Municipal, composta por membros também eleitos por voto directo.

Presidentes que dirigiram a cidade de Maputo:

1980 – 1982 – António Hama Thay

1982 – 1983 –  Gaspar Horácio Mateus Zimba

1983 – 1987 – Alberto Massavanhane

1987 – 1997-  João Baptista Cosme

1997 – 2003 – Artur Hussene Canana

2004 – 2009 – Eneas da Conceição Comiche

2009 – 2019 – David Simango

2019 … – Eneas da Conceição Comiche …